61 3328-7074 (Telefone e WhatsApp) anapec@anapec.org.br
Pesquisadores da Epagri relatam ocorrência inédita em SC de praga dos citros

Pesquisadores da Epagri relatam ocorrência inédita em SC de praga dos citros

Adultos do inseto foram coletados em Coronel Freitas em abril de 2019

Pesquisadores do Centro de Pesquisa para Agricultura Familiar (Epagri/Cepaf), em Chapecó, relataram pela primeira vez a ocorrência da mosca-negra-dos-citros (Aleurocanthus woglumi) em Santa Catarina. As infestações do inseto podem resultar em perdas de produção, redução da qualidade dos frutos e aumento de custos de produção em função de eventuais pulverizações.

O inseto foi encontrado infestando de forma relativamente severa um pomar doméstico de citros, no munícipio de Coronel Freitas, em abril de 2019. Brotações infestadas com ovos, ninfas e adultos do inseto foram coletadas, e o material foi enviado ao Laboratório de Fitossanidade da Epagri/Cepaf, onde foi identificado.

O registro da ocorrência foi publicado na principal revista científica especializada em citricultura do Brasil, a Citrus Research & Technology, editada pelo Centro de Citricultura Sylvio Moreira, vinculado ao Instituto Agronômico (IAC, São Paulo). Os pesquisadores da Epagri/Cepaf Rodolfo Vargas Castilhos, Eduardo Cesar Brugnara e Rafael Roveri Sabião estão entre os autores do artigo da publicação, disponível em https://citrusrt.ccsm.br/article/doi/10.4322/crt.18919.

A mosca-negra-dos-citros suga a seiva da planta, que leva ao seu enfraquecimento. Em consequência, um fungo escuro conhecido como fumagina cresce sobre ramos, folhas e frutos infestados, causando redução da respiração e fotossíntese.  O pesquisador em entomologia da Epagri/Cepaf, Rodolfo Vargas Castilhos, ressalta que apesar da praga não ser altamente destrutiva, as infestações da mosca-negra-dos-citros podem trazer prejuízos aos produtores, o que torna necessário o monitoramento da ocorrência desta espécie e um plano de manejo integrado para evitar sua disseminação.

mosca-negra-dos-citros_fumagina-em-folhas
Fumagina cresce sobre ramos, folhas e frutos infestados

Santa Catarina tem 1.907 hectares de citros, cujo valor bruto da produção alcançou R$ 16,7 milhões em 2017. Os pomares cítricos têm grande relevância para o Oeste do Estado, onde as plantas também são frequentes em pomares domésticos. Mais de 70% das propriedades rurais da região têm plantas cítricas cultivadas para consumo da família e venda ocasional de excedentes. Os pomares domésticos raramente são pulverizadoscom produtos fitossanitários para o controle de pragas, assim como muitos pomares comerciais.

Além de ser um problema para a citricultura catarinense, a ocorrência da mosca-negra-dos-citros no Oeste do Estado representa um risco para a dispersão dela para o Rio Grande do Sul. A área colhida de laranjeiras, limoeiros e tangerineiras no Rio Grande do Sul em 2017 foi de cerca de 35 mil hectares, com valor bruto da produção aproximado de R$ 390 milhões.

A mosca-negra-dos-citros é uma importante praga da citricultura mundial, com ocorrência em regiões tropicais e subtropicais como África, Índia Ocidental, Oceania e Américas Central, do Norte e do Sul. No continente sul-americano ela já foi encontrada na Venezuela, Colômbia, Equador, Suriname, Peru, Guiana, Paraguai e Argentina

No Brasil, o primeiro relato da praga aconteceu em 2001, no Pará. Atualmente está presente em praticamente todos os estados do país, com exceção do Acre, do Rio Grande do Sul e do Distrito Federal, seja em pequenos focos ou em áreas de produção comercial.

O inseto pode infestar mais de 300 espécies de plantas, como mangueira, cajueiro, abacateiro, mandioca, goiabeira, pitangueira, aceroleira e plantas ornamentais. Assim, o seu transporte em mudas não cítricas é uma hipótese plausível para explicar a sua introdução em Santa Catarina, acreditam os pesquisadores da Epagri/Cepaf.

Diante do potencial risco que mosca-negra-dos-citros oferece à citricultura catarinense, os pesquisadores da Epagri/Cepaf recomendam o monitoramento da sua ocorrência nas principais regiões citrícolas, quantificação dos danos e estabelecimento de um plano de manejo integrado regional, a fim de evitar o aumento da sua disseminação e minimizar os impactos negativos na produção.

Todos os direitos reservados - 2024