A Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (EPAMIG), em parceria com a Embrapa, Emater-MG, UFSJ e com o sistema Faemg-Senar, realizou na tarde de ontem (26) o 2º Encontro Sobre Pecuária Leiteira. O evento, que ocorreu no Campo Experimental de Santa Rita, no município de Prudente de Morais (MG), reuniu autoridades políticas, pesquisadores, produtores rurais e estudantes para discutir o bem-estar dos animais na pecuária leiteira. Entre os alunos presentes, destaque para uma turma da EPAMIG-Instituto Técnico Agropecuário e Cooperativismo (ITAC) de Pitangui (MG).
O evento contou com cinco estações diferentes para abordar assuntos diretamente ligados ao sistema de produção de leite. Na ocasião, o público presente aprendeu sobre adequação de instalações rurais, conforto térmico, boas práticas no manejo racional, nutrição e aproveitamento dos dejetos com o objetivo de minimizar enfermidades dos rebanhos. Segundo os pesquisadores da EPAMIG e organizadores do evento, Daniel Sobreira, Maria Celuta Viana e Karina Toledo, discutir temas como esses é importante por questões de respeito à vida e de desempenho zootécnico. “Um animal que está bem de saúde produz mais e melhor”, enfatiza Daniel.
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A EPAMIG se preocupa com o bem-estar dos animais. De acordo com Maria Celuta, no Campo Experimental de Santa Rita os pesquisadores e colaboradores da empresa estão atentos ao conforto dos rebanhos. “Hoje pensamos na questão de arborização dos pastos, adequação dos estábulos, docilidade ao tratar do gado. Todas essas questões ajudam a melhorar a produtividade de leite dos nossos rebanhos”, destaca Maria Celuta.
Durante a abertura do 2º Encontro Sobre Pecuária Leiteira, o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia da Embrapa, Derli Santana, afirmou a importância das parcerias institucionais e enfatizou que os trabalhos entre a EPAMIG e Embrapa são consistentes na região. “Nós não podemos perder a oportunidade de interagir, de levar informação e fechar os ciclos com os produtores rurais, como está sendo feito hoje”, pontuou Derli.
Nesse sentido, o gerente da Emater-MG de Sete Lagoas, Tarcísio Raimundo Coimbra, destacou que Minas Gerais é a maior bacia leiteira do país e, por esse motivo, os bons tratos com os animais são importantes para que haja retornos financeiros cada vez maiores para os produtores.
Por meio de um sistema de rodízio, o público participou de discussões específicas em cinco estações montadas no Campo Experimental de Santa Rita. A primeira estação abordou os sistemas de produção agrossilvipastoris com foco no conforto térmico dos animais. Para a responsável pela estação, Maria Celuta Viana, com a integração de lavoura, pecuária e floresta (ILVP), o rebanho se alimenta melhor e a sombra reduz impactos negativos vindos do calor, da chuva e do vento.
“Nos períodos de inverno, como as temperaturas são mais amenas, não foi possível observar diferenças. Mas, no verão, o índice de temperatura e umidade nos mostra que os níveis de estresse térmico das vacas são bem mais baixos em sistemas agrossilvipastoris, o que é extremamente benéfico para os animais”, afirmou Maria Celuta.
A segunda estação, sob o comando do professor Ronaldo Martins, tratou da adequação das instalações rurais para melhoria do bem-estar dos animais. Para ele, cada fazenda possui instalações diferentes, mas o produtor rural precisa se atentar para as boas condições dos coxos e dos sistemas de resfriamento para obter o máximo de desempenho de seus rebanhos.
“Não devemos adequar os animais as instalações que a gente tem. Ao contrário. Nós devemos adequar nossas instalações para os nossos animais. Cada animal requer uma atenção especial”, enfatizou Ronaldo ao dizer que os próprios animais dão sinais de que as instalações estão inadequadas, como lesões de pele, desordens no sistema locomotor, mortalidade e doenças.
A terceira estação abordou as boas práticas no manejo racional de bovinos leiteiros. A analista técnica do Senar, Marília Pereira, destacou que antes de se preocupar com a produtividade das vacas e a eficiência dos rebanhos é preciso investir no manejo racional e no bem-estar dos animais. Marília destacou, ainda, que vacas agitadas e estressadas são comprovadamente menos eficientes na produção de leite.
“Temos que trabalhar com a inteligência dos animais, isto é, temos que entender o comportamento dos nossos rebanhos. Quando a gente entende o que os bovinos estão pensando, é possível compreender como lidar melhor com eles e aplicar práticas de manejo corretas”, afirmou Marília.
A quarta estação, comandada pelo consultor técnico da Agroceres Multimix, Luciano Prímola, falou da nutrição e do bem-estar no pré-parto e no pós-parto de vacas leiteiras. Para o zootecnista, bem-estar não significa tecnologias elevadas ou sistemas altamente qualificados. “Defino bem-estar como áreas de descanso adequadas, secas, limpas e confortáveis. Essa é a forma mais barata, rápida e efetiva para melhorar a saúde e, consequentemente, ter vacas mais produtivas e que vão melhorar o retorno econômico”, pontuou.
Ainda de acordo com Luciano, para garantir que uma vaca chegue bem ao pré-parto, é necessário montar lotes de animais estratégicos e confortáveis para que ele se mantenha quieto e em uma boa condição de bem-estar, além de suprir adequadamente as proteínas, minerais e vitaminas. Já um pós-parto de qualidade é aquele em que são vistas boas respostas às técnicas empregadas no pré-parto.
Por fim, a quinta estação abordou alternativas sustentáveis para o manejo adequado e aproveitamento de dejetos na bovinocultura de leite. Com falas do coordenador regional de bovinocultura da Emater-MG, Walfrido Albernaz, e do pesquisador da EPAMIG, Daniel Sobreira, o público aprendeu sobre formas eficazes de controle e manejo de esterco, principal foco de concentração de moscas.
“É muito mais fácil descobrir onde é o reservatório de moscas e trabalhar para evitar a multiplicação. As mocas causam profundos incômodos nos animais e isso afeta diretamente a produção e o ganho de leite”, explicou Daniel.
Nesse sentido, Walfrido apontou as lagoas de estabilização aeróbica e o processo de compostagem no sistema “Compost Barn” como alternativas para tratamento de resíduos orgânicos produzidos por bovinos em grandes propriedades rurais. Walfrido apontou, também, modos de compostagens manuais e de vermicompostagem, com a utilização de minhocas na transformação de esterco em húmus, como boas alternativas para pequenas propriedades.
A EPAMIG é uma empresa vinculada à Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa).
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