A partir de janeiro de 2021, obras e serviços de engenharia contratados pela Administração Pública Federal deverão ser executados em Building Information Modelling (BIM), uma metodologia que permite simular uma edificação e perceber, com antecedência, os desdobramentos da obra, dando à sua execução maior precisão e economia de recursos. De acordo com o decreto 10.306/2020, publicado em abril último, a exigência acontecerá em três fases, sendo a primeira etapa – a ser iniciada no próximo ano – dedicada somente a projetos. A partir de 2024, projetos e obras passam a ser feitos somente em BIM. E, a partir de 2028, todas as fases da edificação (projetos, obras e pós-obras) passam a ser incluídas. Esta é a primeira matéria da série sobre o BIM. Nas próximas três semanas, publicaremos na quinta-feira mais conteúdo sobre o assunto. Acompanhe.
Para estimular a adoção do BIM, os órgãos que atuam nos Programas Pilotos da Estratégia BIM BR terão prioridade no governo. No Ministério da Infraestrutura, estão incluídos o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e a Secretaria Nacional de Aviação Civil (SAC), e no Ministério da Defesa, as três Forças, Exército, Marinha e Aeronáutica. O decreto permite a qualquer entidade da Administração Pública Federal lançar editais de obras com exigência do uso do BIM.
Para o presidente da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), Igor Calvet, o Brasil está alinhado à tendência mundial da digitalização da construção. “Esse decreto inaugura um marco importante para o setor da construção e sinaliza, no curto, médio e longo prazos, a necessidade urgente de investimentos em capacitação, tanto pelo setor público, que terá de contratar em BIM, quanto do setor privado, que deverá estar apto para executar as obras nesse novo modelo”, disse.
Na avaliação do presidente da ABDI, com o uso do BIM nas obras públicas, os projetos serão mais eficientes e as construções terão mais qualidade. “Estamos falando de uma nova filosofia de trabalho. O setor da construção terá menos retrabalho, maior planejamento e uma redução significativa de desperdícios, o que irá garantir a melhor gestão do recurso público”, observa, ao citar estudo da Agência que aponta uma redução de 9,7% dos custos totais da obra e de 20% dos custos dos insumos.
Ainda, de acordo com o levantamento da ABDI, realizado em 2018, se metade das empresas adotar o modelo BIM, entre 2020 e 2030, a projeção é de que a economia da construção civil brasileira crescerá 7%. Isso significa um aumento de R$ 21,9 bilhões no PIB do setor nos valores de 2018, segundo dados da área de Inteligência da ABDI.
Sobre BIM
O BIM (Building Information Modelling, da sigla em inglês) ou Modelagem da Informação da Construção, em tradução livre, é um processo integrado e colaborativo utilizado para criar e atualizar um modelo digital de construção. A modelagem envolve um conjunto de tecnologias, processos e políticas interligadas, o que permite aos diversos profissionais envolvidos projetar, construir e operar o empreendimento, durante todo o ciclo de vida da construção.
Alinhada à Estratégia Nacional BIM BR e com o objetivo de promover ganhos de produtividade e elevar a competitividade do setor da construção no país, a ABDI lançou, em 2018, em parceria com o então Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), a Plataforma BIMBR. Um dos objetivos expressos da Estratégia, a Plataforma BIMBR, além de possuir conteúdo dinâmico sobre BIM, hospeda a Biblioteca Nacional BIM (BNBIM), cujo intuito é tornar-se um repositório das bibliotecas virtuais BIM no Brasil.
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