O Brasil tem duas empresas selecionadas entre as dez finalistas da terceira edição do programa Accelerate 2030, a SoluBio, especializada em tecnologias agrícolas, e o Portal Telemedicina, para assistência à saúde. A estratégia do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Impact HUB conta com apoio da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e tem como objetivo identificar soluções inteligentes, inovadoras e sustentáveis, colocadas em prática, que contribuam para o alcance de um ou mais dos 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS).
A etapa nacional de seleção dos projetos foi concluída nesta quinta-feira (24), em Brasília, com a demonstração das iniciativas, premiação para cinco empresas, um pitch de negócios e painéis. O coordenador de Indústria 4.0 e Inovação da ABDI, Bruno Jorge, citou a importância do Programa Conexão Startup Indústria para potencializar ações inovadoras no setor produtivo. “As indústrias lançam os desafios de processos, produtos e até de modelos de negócios e as startups apresentam suas competências e juntos eles desenvolvem soluções. Na primeira edição foram dez indústrias e 17 startups e, agora, serão 30 e 60, respectivamente”, exemplificou.
O maior desafio, no entanto, é dar escala aos novos negócios. Bruno Jorge citou locais como o Vale do Silício, nos Estados Unidos, que possui instrumentos informais, como uma cultura de inovação, para que os empreendimentos cresçam. “É um aprendizado. Pelo lado da indústria é uma mudança de processos. Imagina uma indústria que tem um sistema de pagamento que demora seis meses e uma startup esperar esse tempo para receber? A startup consegue fazer um piloto, e a gente tem um exemplo, que a indústria gostou do piloto e pediu 800. E os meios de pagamentos? Os outros instrumentos? Quando a gente olha para ecossistemas consolidados, como o Vale do Silício, a gente sabe que há instrumentos formais e informais para fortalecer este ecossistema e isso faz falta no Brasil”.
Os negócios de impacto são chave para avançar na agenda 2030, conforme destacou Cristiano Prado, representante do PNUD. “Está claro que em todo o mundo os governos não têm recursos financeiros e meios de implementação suficientes para fazer o que precisa ser feito”, disse Prado, para citar que o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 17 trata de parcerias e meios de implementação dos ODS. “O setor privado tem que estar junto e ele tem a lógica do negócio, então buscamos os negócios que tragam impacto na sociedade”, completou.
Etapa Internacional
O Accelerate 2030 é composto por duas etapas, uma nacional e outra internacional. A primeira é a fase de preparação dos negócios para escala global. Os encontros locais têm como objetivo capacitar os empreendedores, aprimorar práticas de mensuração de impacto, elaborar plano de escala global, oferecer suporte e fazer contato com especialistas, investidores, mentores e parceiros ao redor do mundo, de acordo com as necessidades de cada negócio.
Em outubro, os empreendedores à frente dos projetos escolhidos viajarão para Genebra, na Suíça. Os finalistas passarão por diversas rodadas de negócio e serão destaque em eventos globais voltados aos ODSs. Após esta imersão, receberão suporte, por mais nove meses, de organizações internacionais como o próprio PNUD e o International Trade Centre (ITC) para abertura de portas em seus mercados chave.
A última edição do Accelerate 2030 aconteceu em 2017, quando mais de 500 projetos se inscreveram e 50 se tornaram finalistas. Ao todo, 15 iniciativas foram selecionadas e receberam apoio para se tornarem iniciativas de impacto global. Dentre esses empreendedores estava o brasileiro Ezequiel Vedana, do Piipee. Ele desenvolveu e patenteou uma solução líquida que, ao ser borrifada em um vaso sanitário com urina, reage com o rejeito, dispensando a utilização da descarga e, consequentemente, economizando água. O Accelerate 2030 tem, em escala mundial, o apoio da Pfizer e do ITC. No Brasil, tem o apoio da ABDI e da Fundação Boticário.
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